De Eça de Queirós
Lido em mês de férias na praia, livro denso, com crítica a vida na sociedade de Lisboa em 1880, a Igreja Católica .
Trata da burguesia de Lisboa, dos costumes dos jovens ricos que nada faziam além de divertir-se e falar da vida alheia, comer e beber na casa de amigos, frequentar saraus e casas de jogos, vez por outra ter um romance extra conjugal.
Trecho: Carlos realmente não tinha tempo de se occupar do laboratorio; e deixaria a Deus mais algumas semanas o privilegio exclusivo de saber o segredo das cousas - como elle dizia rindo ao avô. Logo pela manhã cedo ía fazer as suas duas horas d'armas com o velho Randon; depois via alguns doentes no bairro onde se espalhara, com um brilho de legenda, a cura da Marcellina - e as garrafas de Bordeus que lhe mandara Affonso. Começava a ser conhecido como medico. Tinha visitas no consultorio - ordinariamente bachareis, seus contemporaneos, que sabendo-o rico o consideravam gratuito, e lá entravam, murchos e com má cara, a contar a velha e mal disfarçada historia de ternuras funestas. Salvara d'um garrotilho a filha d'um brazileiro, ao Aterro - e ganhara ahi a sua primeira libra, a primeira que pelo seu trabalho ganhava um homem da sua familia.
O que me intrigou: a aceitação tranquila das traições das mulheres casadas com jovens da alta sociedade.
Todos aceitavam os romances adúlteros!
O que me fascinou: o amor de Carlos por Maria Eduarda. A força do avô, a amizade entre Carlos e João da Ega.
"João da Ega é daquelas personagens imortais e únicas, proclama filosofias, ideais, leis, teorias, modas, ciências e estilos, ao longo do romance, enriquecendo a narrativa em debates com outras personagens caracterizadoras das correntes de pensamento da época, e, por isso, não menos interessantes. "
Apesar de no começo do livro ser um pouco intediante, moroso, ao longo da narrativa vai se tornando mais e mais fascinante.
Foi adaptado para a serie de TV da Globo em 2001 e em março será reapresentada no Canal de TV a cabo LIVRE.
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